retalhos cerzidos

"eles passarão... eu passarinho"

Textos


Oi, Florinda. Bom dia.
  Matei a cobra e mostro o pau. Num é assim que se diz quando se quer provar que o que se fez tem comprovação? Estão aí as imagens comprobatórias.
  Despertei às três e meia e me espreguicei. O céu não chorava, não — anuviado, se derretia n’água. Então resolvi pôr-me em easy pose e flexionar a coluna, torcer a coluna, erradicar o ego, esticar a pose, semelhar um sapo... Por estar impedido de ir à praia, kudaliniei aqui na sala — antes de meus pais acordarem e me flagrarem imaginando-me varrido além de esquisito, como sou tachado.
  Às seis a chuva amansa e decido ir. Minha mãe acorda e lhe digo do que tenciono, e que trarei pão e leite.
  “Mas Mino, tá chovendo!” “É, mas dá pra andar um bocado”... “Mino, que isso, você nunca foi disso!” “É, Mãe, mas agora tô querendo ser disso”... “Ah, Mino”... “Mãe, você prefere o seu filho aqui enfurnado na mesmice, ou indo à vida, caramba. Mãe, atente!”.
  E ela fechou a cara como se tivesse levado uma reprimenda.

  Pô, até quando se muda pro bem a gente desconcerta o entorno, altera o periférico. Só falta porem a culpa em você, Florinda, de deliberadamente estar me levando pro bom caminho.
  Te beijo agradecido.
  Germino

 
Germino da Terra
Enviado por Germino da Terra em 04/05/2012
Alterado em 04/05/2012
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