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Mar de Espanha!
Quarta-feira, 28 de Março de 2012 9:15 De: “Germino da Terra” Adicionar remetente à lista de contatos Para: “Florinda Bulcão” florindabulcao@iguana.com@yahoo.com.br> Oi, Florinda. Me banhei e, ao alpendre, olhando o crepúsculo carmim, entristeci. Dei uma rápida ida a Arcozelo — bairro entre o Paiol Velho e o Centro — pra comprar umazinha. Desde antes de anteontem! Hoje é domingo, fim de tarde, a solidão corroendo... No posto de gasolina, na lan house da conveniência eu dou com você. Alegrei! Tentei te falar, mas, teclado com fontes apagadas, ambiência num auê... Cato uma garrafinha de Magnífica, apenas duas doses, e capino. Agora, de meu posto, sorvendo a primeira, te retorno e outro dia posto: O texto, o blablablá, é nada de mais. Achando que aquele e-mail daria um enredo, o aproveitei. Faço assim com quase toda a minha escrita, roubo da realidade — como faço agora. Aliás, quem não faz? Ninguém parte do nada, nem quem se dedica à ficção científica. Você se identificou com alguma personagem por que de verdade está lá. Citei o seu nome apenas uma vez, propositalmente. Se te confundi, me expressei bem mal. Também, o meu alter ego não parava de tagarelar... A música de fundo é Duelo de banjos, de Eric Weissberg, do filme Amargo pesadelo (não confundir com Amargo regresso, também muito bom). Quando um rapaz, aparentemente deficiente das ideias, é estumado por um dos caras que vai descer um rio que desaparecerá com a construção de uma barragem, no meridiano Oeste dos Estados Unidos, os dois se duelam. Um com banjo e o outro ao violão. Aí, um ribeirinho — também de miolo meio mole — levemente se saracoteia. Cena antológica! Mar de Espanha, ah, eu quero voltar. Seria maravilhoso se você também fosse. Poderia me falar de yoga. Chucro, você me ensinaria tanto. Estou curioso com prana. Não como religião — sou agnóstico (“Só sei que nada sei”), mas com o princípio da vida. Tenho de rever minha “fé”. Nem sei... Na oportunidade, eu gostaria de te levar um punhado de filmes e de músicas. Filme, entre brasileiros e não brasileiros, eu tenho pra lá de 450; música, mais de 5000. Um dia te envio a lista de filmes, discriminados por autoria. Não levarei quaisquer por que gosto tem gosto... Pra você, Florinda, é uma esticada e tanto, hein. Lá é roça, entretanto, vive de fazer cuecas. Só. Cidadezinha à toa, mas me agrada. Bem. Se formos, poderemos pegar o carro de meus primos (eles fazem pizzas deliciosas, pão de queijo e queijo Minas). Enquanto ralam na confecção, nós zanzamos, nos banhamos ao rio... Também podemos ir às fazendolas que o Batata — uma figura e tanto! — recria boi e planta sei lá o quê, acho que eucalipto. Combinando, este cara teria tempo e prazer de nos ciceronear. Também quero voltar num criatório de tilápias. Outra coisa: a casa fica à Praça Nossa Senhora das Mercês, bem ao lado da igreja (vê aí no cabeçalho), onde bichos-preguiça passeiam no arvoredo. A casa tem dois quartos — um pro casal e outro pra filha. Eu durmo num improvisado. Então, Florinda, teríamos que providenciar uma pousada... Eu tô precisado de sair deste eixo Paiol Velho/Rio... Têm vezes que num dá. Iludo, saindo daqui me engambelo de que sou mocho, desprovido de galhada. Toda vez que tenho de ir ao Centro, comigo regateio a necessidade. Há a sensação de que esbarrarei com uma sombra — dá raiva de mim... Pensei e repensei em aceitar o seu convite e passar uns dias aí. Tá de pé? Em sua casa teria um cantinho pra recostar meus trastes e pernoitar? Não atrapalharia a sua rotina, nem a de seus filhos? Seja sincera. Ou escapulimos a um lugar neutro — Mar de Espanha? Pra mim, estando contigo, Florinda, qualquer lugar é lugar! Carinho. Germino Em tempo: finalmente, estive com o técnico pra que me explicasse sobre skype. Ele não sabe mexer com o troço. Disse que msn, ou sei lá o quê, é a mesma coisa e mais popular, todas as máquinas da loja têm. Resta saber se a Maria Júlia o tem pra coach. Germino da Terra
Enviado por Germino da Terra em 28/03/2012
Alterado em 30/03/2012 Copyright © 2012. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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