retalhos cerzidos

"eles passarão... eu passarinho"

Textos


aquilo marrom

Interrogação (?)
Quarta-feira, 23 de novembro de 2011. 9:10
De: “Germino da Terra” <minogalhado@corneado.com.br>
Para: “Computa” <paumarrom@corneador.com.br>


Computa,
você já leu o texto-epístola a S., o seu Queridíssimo e o palhaço, um que te enviei através de minha página, e entendeu a situação, num é. Se ainda não o leu, pra entender melhor este e-mail, antes leia aquele ou ao aqui anexado. O anexado é o mesmo texto do site, mas sem maquilar. Quero dizer, lá eu usei apenas as iniciais; aqui dou o nome da vaca, de todos da boiada. Aqui, até a imagem do cabeçalho não é o desenho dum palhaço qualquer, mas sim o meu próprio corno com cara de palhaço, pinta de palhaço.
  Após este breve preâmbulo, de chofre eu te pergunto: Computa, o seu pau, o seu caralho é marrom?
  Noutra hora te explico a pergunta. Adianto, apenas, que tem a ver com a noite em que você e S. a viraram, e juntinhos surpreenderam-se com os primeiros raios luminosos, o raiar dum novo dia.
  Sobre o assunto, já me desmanchei demais. Rumino sem digeri, é verdade, mas tô vacinado. Portanto, não se preocupe. No instante eu tô é ajuntando pedrinhas pra pô-las uma sobre a outra, construindo um edifício, quiçá arranha-céu.
  Como disse, estou vacinado. Então não me venha com “Pô, Germino, que isso...”. Seja sincero. Repito: o seu pau, o seu caralho é marrom?
  Germino
  Em tempo: Computa, por favor, não consulte a dotôra sobre o que me dirá — descolado, farejo trutas e mais à frente a coisa, por si mesma, a mim se desvela, e aí fica ruim.

Exclamação (!)
Sexta-feira, 25 de novembro de 2011. 9:10
De: “Germino da Terra” <minogalhado@corneado.com.br>
Para: “Computa” <paumarrom@corneador.com.br>


 
quarta... quinta... e sexta-feira!
Computa,
passaram-se três dias desde quando te fiz a pergunta o seu pau é marrom. Fiquei, como se diz, no vácuo. Supus que entre mim e você ainda houvesse um istmo de consideração. Mas não, quem cala confirma. Imagino que consultou a dotôra S. sobre o que me diria e ela te prescreveu Ardil ardileza (genérico) e deixar-me em repouso, no vazio — vai indo e o paspalho esquece. Pra esses casos, este é o remédio q’ela costuma receitar a ela própria.
  Entrementes, te darei satisfação de como sei que o seu pau é marrom. Foi mais ou menos quando eu soube da noite em que você e S. a viraram na casa dela, quando deu assistência ao seu computador — resolvido em pouco tempo, imagino. Olha, acho muito difícil que dois adultos varem a madrugada bebendo cerveja com Frangélli e não haja quaisquer intimidades, não saia nenhuma gracinha insinuante. De você, por iniciativa sua, acho pouco provável, visto que a via como a “Doutora”, mas, da parte dela... Careta, ela maquina; bebida, vadia!
  A última vez que nós nos vimos foi na Estância Páscoa, quando você foi resolver sei lá o que na máquina da S.. Nós estávamos frente ao computador e, com copo de cevada à mão, ela surge no palco, toda faceira, e alude: “Ih, Germino, cê nem sabe... Outro dia eu e o Computa varamos a noite aqui; ele, como sempre, tirou a manha do computador e então ficamos conversando... Quando nos demos conta, amanhecia.”.
  Sutil, a S. gosta de correr riscos, isso a excita, e juntamente contigo quis te excitar — eu bem ali, qual palhaço...
  Àquele dia, àquela hora, embora tenha achado aquilo estranho, passei batido. Mas agora, a S. com o Queridíssimo às claras, assim, depois de meio por acaso a mim se descortinando os dezesseis anos de embuste que vivi... Peraí, ehu, cai-me mais uma pedrinha: naquele momento achei estranho sim, e ficou estranho, raspou bem fininho, tão estranho que deu merda, deu e de lá capinei... É, mas este bocó aqui não atinou o tamanho da estranheza e a pousei no inconsciente.
  Há pouco, uma amiga advogada me falou que existe um site onde lista mais de cinco mil mulheres em Miguel Pereira e adjacência que corneiam. Nem quis saber o endereço, me dou ao trabalho de ajuntar pedrinhas... Quem o criou e os que o alimentam devem ser iguais a mim, galhados.  
  Sei, derivei e eu não disse como concluí que seu pau é marrom. Além da sua, Computa, da sua omissão, deu-se assim: quando eu e a S. transávamos, vez e outra fantasiávamos que havia outra pessoa na cama embaralhada à gente, ou até duas, swing — isso de fato nunca aconteceu, mas esta bobeira nos excitava, assim brincávamos. Duns meses pra cá ela fantasiava com um pau, um caralho marrom... Eu lhe perguntava: “Negro?”. Ela, acalorada: “Marrom, porra!”. E eu, qual palerma, ria; da sagacidade, da fina ironia, eu boiava... Você, Computa, é mulato e, imagino, tem o pau, o caralho de coloração “marrom”. Pra S., marrom-glacê.
  Ajunto pedrinhas...
 Agora, um conselho: não se engambele, não faça planos. Você não é o amante preferencial! Preferencial é o Queridíssimo B. — no bilhete que lhe escreveu, sonoramente e em vermelho ela diz q’ele é eterno. Ora, os dois têm história! Calma, Computa, muita calma nessa hora: vez e outra a dotôra alardeará que dê “assistência” àquela “máquina”, você é o técnico. Embora seja um reles caso esporádico, passa-hora, quando der qualquer problema na “máquina” dela — encarquilhada, sempre dá —, ardorosa ela te chamará pra que a assista com aquilo marrom.
  Germino
 Em tempo: ouça outro bom conselho dum ex amigo e ex corno: naquilo, use, sempre, vestidura de camisa de vênus — grasnando carisma aquela perereca salta pra tudo que é canto, hein!

 
Germino da Terra
Enviado por Germino da Terra em 29/11/2011
Alterado em 08/12/2011
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